Queria escrever mas não tenho sobre o que.

Queria conversar mas não tenho com quem.

Queria sair mas não tenho para onde.

Queria chorar mas não tenho razão.

Queria rir mas não tenho porque.

Tenho o sono mas não queria dormir. Mesmo sendo a unica coisa que me resta.

Essa cidade me deprime e me cansa.

Eu escrevi tantas vezes sobre não me fazer entender, sobre não deixar que as pessoas se aproximem e agora eu começo a achar que eu estava completamente errada. Quando reclamava dessas coisas era sempre pensando no que os outros acham e quando queria mudar algo era em me preocupar tanto com os outros e não pensar em mim mas hoje estou começando a achar que tudo isso é uma grande bobagem.

Se você acha ruim o fato de eu não contar tudo sobre a minha vida à você ou é só pelo fato de não achar necessário que você saiba, então me desculpe você não vai saber mesmo, ou é porque você não me passou confiança o suficiente para isso e isso é questão de tempo.

E eu acho que me preocupar com os outros, querer que as pessoas que eu gosto se sintam bem onde estão, fazendo o que estão fazendo nunca foi problema não é? Afinal se elas não estiverem bem eu não vou me sentir bem. Pensar em mim significa pensar no que elas querem, eu sou assim ué!

Eu fico procurando alguma coisa em mim pra mudar, como arrumando uma desculpa não sei pra que quando na verdade o que eu tenho que mudar é o que está bem na minha frente, gritando e pulando para que seja visto: não ter vergonha de nada disso e principalmente, parar de achar que alguém se importa com o que eu gosto ou não.

Se alguém se importa é porque essa pessoa já faz parte da minha vida e se não faz ainda eu estou aqui esperando com um sorriso. Se não se importa (o resto do mundo) não vai fazer diferença nenhuma pra mim e eu não deveria me preocupar em agrada-las.

De agora em diante as coisas são assim. O que falta, é questão de tempo.

Quando as contas não fazem sentindo nenhum mais, as minhas costas doendo horrores e o sono me impede de abrir os olhos é que eu tenho vontade de mandar tudo pro inferno. Em pensar que eu deveria estar lá na puc estudando de manhã e dormindo de tarde e ao em vez disso estou preocupada com a aula atrasada de função quase me arrependo. Quase. Quanto mais eu me canso mais eu vejo o quanto eu quero, quanto mais irritada fico com uns professores mais eu vejo que ninguém, além de mim, está me obrigando a nada.

Eu já sei exatamente como é e como vai ser até o fim do ano e o que me resta agora é contar os segundos para a primeira semana de férias no dia 24.

E até novembro, o que me resta é escrever o quanto isso me cansa e ao mesmo tempo o quanto preciso disso.

Eu só espero que o último texto do ano seja sobre a tão esperada boa notícia pro ano que vem...

Cheguei em casa ontem as 15:30 com a bolsa pesada de apostilas e as mãos ocupadas segurando as sacolas do mercado. Enrolei, enrolei, enrolei. Estava pronta as 19h para o desfile da Mi e a minha apostila continua dentro da bolsa fechada.

A semana começou com apostila nova e a promessa de sempre: essa eu completo! E comecei bem até o resto de vida que me sobra aqui me chamar para o Crystal Fashion. Troquei MRU, enzimas, misturas gasosas, atmosfera e textos de opinião fácil por sair da rota casacursinho e ver gente bonita e diferente. Troquei ontem, troquei na terça e trocaria hoje e amanhã se me fosse possível.

O que acontece é que não sei mais o que eu quero. Quer dizer, eu sei exatamente o que eu quero só que sei também que fazer os dois ao mesmo tempo não é possível. Eu quero viver, conhecer, aprender, rir, chorar, sofrer, amar! Mas eu também quero estudar e estudar e estudar e estudar mais um pouco e ver o meu nome em qualquer uma das listas de vestibular no final de novembro.

Só que isso tem que ser uma coisa de cada vez e eu optei por estudar. Eu não contava era que isso me desgastaria tanto em tão pouco tempo. Sétima semana de aula. Terceira apostila do ano. Aula de segunda a sábado. Dormir menos do que o necessário. Tudo isso misturado com essa sensação de estar no lugar errado, na hora errada, com as pessoas erradas fica praticamente impossível.

Ah, tudo que eu mais queria no momento era deitar na minha cama e dormir até amanhã sem precisar me preocupar com as mil e uma aulas em branco na apostila.

Eu vou ter que me contentar em viver só de sábado e dormir direito só de domingo mesmo. Esse é o último ano nesse inferno que deram o nome de Positivo. Nessa tortura psicológica e física que chamam de cursinho. Se vai ser como eu quero ainda não sei, mas eu sei que vai ser!